Nove erros comuns na hora de comprar um carro
Veja alguns equívocos que costumamos cometer ao adquirir um veículo e saiba como evitá-los
Por Priscila Yazbek, de Exame.com | 12/11/2012

Comprar um carro, sem dúvida, é uma decisão de grande impacto
financeiro. Por isso, é importante tomar alguns cuidados na hora da
compra para que alguns erros não tragam prejuízos. Veja a seguir, 9
erros comumente cometidos na compra de veículos e as dicas para
evitá-los.
1) Pensar apenas no valor da parcela do carro
Pensar
apenas nas parcelas do financiamento na hora de planejar a compra do
carro é um erro clássico. Além das prestações, ter um carro significa
ter diversos outros gastos com a sua manutenção.
Entre eles,
incluem-se o combustível, o IPVA, o seguro obrigatório DPVAT, o seguro
particular, o licenciamento, os gastos variáveis com estacionamento,
manutenção e outros gastos eventuais, como o valor da franquia do
seguro, o conserto de alguma peça em caso de acidentes, o custo do
pedágio em uma viagem e multas de trânsito.
Segundo uma
simulação do consultor financeiro Mauro Calil, os gastos com um veículo
no valor de 30.000 reais em quatro anos somariam 83.821 reais, se fosse
incluído o pagamento parcelado de 20.000 reais e descontada uma entrada
de 10.000 reais. Seria um total de 20.955,25 reais por ano, ou 1.746
reais por mês. Por serem custos significativos, deixá-los de fora na
hora de fazer o planejamento da compra pode trazer sérios prejuízos ao
orçamento.
2) Ignorar a finalidade do carro
Na hora de
pesquisar quais carros comprar, muitos se preocupam com o valor, o
design, a marca e o modelo que mais lhes agrada. Mas, nem todos pensam
em comprar o carro que é mais adequado ao uso.
Para acertar
neste ponto, é importante pensar no tipo de uso que o veículo terá no
dia a dia, se ele circulará em cidades grandes, se será usado para
carga, para viagens, se precisará de um motor mais potente, ou se irá
acomodar uma família. Para uma família grande, por exemplo, o comprador
deve buscar um carro que acomode todos de forma segura e que não tenha
comprometimento da suspensão e dos amortecedores, ao suportar mais peso.
Checar quais são veículos mais vendidos na região onde o
motorista irá circular, ou conversar com proprietários que já possuem o
carro pretendido podem ser boas pistas para encontrar o veículo mais
adequado.
3) Ficar empolgado com a oportunidade
A todo
momento as montadoras e concessionárias anunciam promoções para fisgar
mais clientes. Algumas oferecem iPads, outras viagens, descontos ou
garantia estendida. Seja o que for, a promoção não deve ser o principal
motivador para compra, mas apenas um benefício adicional.
Se a
intenção já era comprar determinado modelo e surgiu a promoção, ótimo.
Mas o comprador não deve se guiar pelo impulso da promoção, ou por achar
que aquela oportunidade é imperdível, como costumam dizer alguns
vendedores. Uma compra por impulso não dá espaço para comparações e uma
boa negociação. Se a promoção parecer realmente válida, peça ao vendedor
pelo menos um dia e cheque em outra concessionária ou pela internet se
aquela proposta realmente vale a pena.
A escolha deve ser bem
pensada, já que a decisão vai permanecer com você por alguns anos e os
custos também. Mesmo se a oportunidade for realmente boa, como, por
exemplo, a redução do IPI, não havendo condições de fazer a compra de
determinado carro, a empolgação não deve se sobrepor à razão. Às vezes,
ao juntar o dinheiro para comprar o carro à vista mais para frente, a
economia com os juros das prestações e com o possível desconto da compra
à vista, podem trazer mais economia do que a redução do IPI, além do
conforto de se saber que a compra não foi feita por impulso.
4) Não contabilizar o custo total do financiamento
Se
o carro for financiado, é essencial que o comprador observe o Custo
Efetivo Total (CET) da operação. O CET é a taxa que inclui todos os
encargos envolvidos nas operações de crédito. Ela inclui não só os
juros, como os impostos e outros custos do financiamento.
Dependendo
do CET, o carro pode sair milhares de reais mais caro do que pareceu à
primeira vista. Por isso, fazer uma simulação do valor das prestações
incluindo o CET é fundamental para que o comprador não cometa o erro de
comprar um carro e não poder honrar as parcelas depois.
Ao fazer
um financiamento, também é importante comparar o CET da operação feita
com o banco da montadora, que é o financiamento normalmente oferecido
nas concessionárias e o CET dos bancos grandes. Em alguns poucos casos, a
taxa de CET do banco grande pode ser mais barata do que a taxa da
montadora.
E por fim, o financiamento em uma montadora pode ser
muito mais barato que em outra. Assim, na hora de escolher entre um
carro de uma marca ou de outra, vale a pena observar qual das montadoras
oferece o menor CET. O custo mais baixo em uma delas pode desempatar a
decisão.
5) Não atentar para os pequenos detalhes
A
aposentada Maria Helena comprou um carro no valor de 150.000 reais e
estava muito satisfeita até entrar no veículo pela primeira vez. "Quando
eu fui andar com o carro pela primeira vez, eu vi que ele não tinha a
alça de segurança no teto e eu sempre ando segurando essa alça porque me
sinto mais segura, mais confortável", diz. Como ela não dirige mais e
só usaria o carro com o motorista, ela não olhou os detalhes da parte
interna do carro e agora está pensando em trocá-lo por conta da falta
que o item lhe faz. "Eu já pedi para colocarem a alça, mas neste modelo
não é possível. Agora estou decidindo se compro outro, porque a alça me
faz muita falta, principalmente para entrar no carro. O problema é que
vou perder bastante dinheiro por vendê-lo agora", diz Maria Helena.
Muitos
compradores deixam escapar este tipo de detalhe, que no dia a dia faz
uma enorme diferença. Por isso, é fundamental fazer um test drive. E às
vezes, mais do que isso. Ao rodar poucos quilômetros, provavelmente só
será possível notar seus pontos positivos, principalmente porque o
vendedor ressaltará as qualidades e esconderá os defeitos do automóvel
escolhido.
Para fazer um teste mais apurado, o ideal é alugar um
carro do mesmo modelo, de preferência, o veículo mais velho disponível
na locadora. Será esse automóvel que mostrará os efeitos do tempo e do
uso sobre determinado modelo. E no caso de carros usados, algumas lojas
permitem a realização de um test drive prolongado. A rede de
concessionárias Itavema, por exemplo, permite que o interessado teste o
carro que quer comprar durante três dias antes de fechar o negócio.
6) Deixar para comprar acessórios em lojas independentes
Se
já há intenção de gastar dinheiro com os acessórios, vale mais a pena
comprar a versão do carro que já vem com os acessórios de fábrica, do
que comprar a versão mais básica e depois pagar pelos acessórios
separadamente na concessionária.
Um levantamento feito por
EXAME.com junto a concessionárias e lojas de acessórios mostrou que,
para cinco modelos de carros de diferentes categorias, normalmente é
melhor comprar uma versão mais equipada do que comprar a versão mais
básica e adicionar os acessórios depois. O carro mais equipado de
fábrica já tem embutido o preço dos serviços de instalação, que ficariam
mais caros na instalação à parte.
Além disso, ao comprar a
versão do carro mais equipada, é possível ter vantagens também na hora
da revenda. Isto porque um carro sem itens básicos, como ar
condicionado, travas e vidros elétricos, pode ter mais dificuldade em
encontrar compradores. Se isso ocorrer, o vendedor terá que baixar ainda
mais o preço para atrair interessados.
7) Pecar pelo excesso de acessórios
Na
hora de comprar o carro, é comum que os vendedoreas ofereçam uma lista
grande de opcionais. Fora os itens básicos, que podem ajudar a conseguir
um melhor preço na hora da revenda, equipamentos não essenciais como
frisos laterais, porta-objetos, aparelho de som com DVD e ar
condicionado digital podem encarecer muito o valor do carro. Em casos
extremos, podem inclusive desvalorizar ainda mais o modelo na revenda,
como é o caso dos acessórios instalados quando se faz "tuning" do carro.
O comprador precisa ficar atento para não exagerar nos acessórios na
empolgação da compra e acabar não tendo como honrar o pagamento. Os
opcionais podem representar gastos adicionais de mais de 10.000 reais.
8) Vender o carro atual por um valor muito baixo
De
nada adianta conseguir um bom preço no carro novo se o seu usado for
vendido por um valor muito baixo. Por isso, é importante evitar a venda
do carro depois de uma forte desvalorização e também vendê-lo da forma
certa.
Uma forte depreciação pode ocorrer, por exemplo, se o
carro for vendido após um anúncio de que o modelo vai sair de linha, ou
de que outra versão daquele modelo ou de um similar será lançada. Quem
acompanha notícias de publicações especializadas pode conseguir se
antecipar a esses movimentos, antes que os rumores alcancem os grandes
veículos de comunicação.
Vender um carro com defeitos reduzindo o
preço para que o futuro proprietário o reforme pode ser um grande erro.
A maior parte dos compradores prefere que o veículo já esteja em ordem,
pois assim pode usufruir do carro de imediato e sem dores de cabeça.
Fazer alguns consertos pode ajudar a conseguir um preço mais alto e esta
diferença pode compensar os gastos.
Se o proprietário não tiver
capacidade de gastar muito dinheiro com os consertos, priorizar os
problemas estéticos pode ser uma solução. Para-choques, rodas e capas de
espelhos arranhados, por exemplo, são questões fáceis e baratas de se
resolver e que podem fazer diferença na revenda.
9) Não perceber que o carro usado foi maquiado
Comprar
carros maquiados ao buscar carros usados ou seminovos, é um erro que
pode sair bem caro. É importante que o comprador saiba desvendar alguns
dos truques que os vendedores podem usar para disfarçar problemas que os
carros tenham enfrentado.
Algumas das dicas podem ser:
participar da inspeção técnica do carro, pela qual todos os veículos
passam antes da revenda; avaliar se há alguma assimetria entre as
portas, os para-choques e o teto; e não comprar um veículo sem o manual,
uma vez que o odômetro do carro pode ter sido adulterado para
apresentar uma quilometragem menor, e apenas com o manual é possível
checar se houve algum tipo de alteração.
http://quatrorodas.abril.com.br/reportagens/servicos/nove-erros-comuns-hora-comprar-carro-717433.shtml